O autismo é quatro vezes mais comum nos meninos do que nas meninas
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O termo autismo vem do grego “autós” que significa “de si mesmo”. Uma criança com autismo prefere estar só, tem ausência no olhar e problemas de comunicação, repete continuamente certos comportamentos e possui um apego excessivo a objetos incomuns. Quem convive com o distúrbio já sabe: o autismo ainda é um enigma. Não há cura, os tratamentos são caros e as causas, desconhecidas. Neste Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo (2), o NE10 traz informações sobre características, sintomas e tratamento.
De acordo com o psicopedagogo Victor Eustáquio, esse transtorno invasivo do desenvolvimento (TID), que atinge 0,5% da população mundial, surge nos três primeiros anos de vida, sendo quatro vezes mais comum nos meninos do que nas meninas. "Há pais que conseguem perceber o distúrbio no filho com um ano e meio, mas, na maioria das vezes, essa percepção vem aos três anos, logo quando a criança entra na escola", esclarece. As causas, porém, ainda estão sendo investigadas, mas há um componete muito ativo da genética. O psicopedagogo alerta que a sintomatologia nas meninas, apesar de o distúrbio ser mais raro, apresenta um grau mais severo.
Segundo a Associação Americana de Autismo (Autism Society of American - ASA), os sintomas são causados por disfunções cerebrais que incluem distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e linguísticas; reações anormais às sensações (visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo); fala e linguagem ausentes ou atrasadas, restrita compreensão de ideias; e relacionamento anormal com os objetivos, eventos e pessoas.
Por não ser diagnosticado através de exames laboratoriais ou simplesmente de imagem, o processo de reconhecimento do transtorno é dificultado, o que atrasa sua identificação. Uma avaliações de ordem psicológica, fonoaudiológica e pedagógica são importantes para um diagnóstico integral da criança.
Não possuindo igual gênese em todos as pessoas, o autismo possui tratamento e o prognóstico variável em cada caso. Segundo Eustáquio, que é sócio-administrador da Clínica Somar, os indivíduos com autismo têm uma expectativa de longevidade normal, como qualquer outra pessoa.
Para o psicopedagogo, a base da terapêutica presume a participação da família, da escola e o atendimento com profissionais especializados. "Teoricamente a criança passa mais tempo com a família, depois na escola e, em paralelo, precisa de um tratamento específico", pondera.
Indivíduos com autismo usualmente exibem pelo menos METADE das características listadas a seguir | |
1 | Dificuldade de relacionamento com outras crianças. |
2 | Riso inapropriado. |
3 | Pouco ou nenhum contato visual. |
4 | Aparente insensibilidade à dor. |
5 | Preferência pela solidão; modos arredios. |
6 | Rotação de objetos. |
7 | Inapropriada fixação em objetos. |
8 | Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade. |
9 | Ausência de resposta aos métodos normais de ensino. |
10 | Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina. |
11 | Não tem real medo do perigo (consciência de situações que envolvam perigo). |
12 | Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta etc). |
13 | Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal). |
14 | Recusa colo ou afagos. |
15 | Age como se estivesse surdo. |
16 | Dificuldade em expressar necessidades - usa gesticular e apontar no lugar de palavras. |
17 | Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão aparente. |
18 | Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos. |
Fonte: Autism Society of American |
Do ponto de vista legal, a pessoa com autismo é considerada um deficiente físico e, dessa maneira, está amparada pela legislação. É o que garante o advogado Bruno Moury Fernandes, do Grupo de Estudos do Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (Getid). “A Lei Federal 7.853/89 determina que cabe ao poder público assegurar às pessoas com deficiência o pleno exercício de seus direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à Previdência Social e ao amparo à infância”, reforça o advogado.
Eustáquio assegura que a demora no processo de diagnóstico e aceitação familiar prejudica o tratamento, pois a identificação precoce influencia significativamente no desenvolvimento da criança e permite um encaminhamento adequado. "Quanto mais cedo se identifica, mais cedo a criança começa a receber estímulos e mais cedo ela aprende", conclui.
Fonte: http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/saude/noticia/2011/04/01/sabado-e-dia-de-se-informar-sobre-o-autismo-264280.php
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