sábado, 28 de setembro de 2013

Número de mulheres assassinadas no RN ficou acima da média nacional

Dados referentes ao período de 2009-2011 foram divulgados por instituto.
Estudo mostra que Lei Maria da Penha não reduziu mortes violentas.

Clara Rubianny Ferreira tinha 26 anos e era natural de Caruaru  (Foto: Divulgação/Polícia Civil do RN)Clara Rubianny Ferreira foi morta em Ponta Negra
(Foto: Divulgação/Polícia Civil do RN)
A cada 100 mil mulheres, mais de seis morreram de causas violentas no Rio Grande do Norte, uma taxa que superou a média nacional entre os anos de 2009 e 2011. É o que mostra o estudo “Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil”, divulgado nesta quarta-feira (25) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A taxa corrigida de assassinatos foi de 5,82 por 100.000 mulheres no país, enquanto que o RN teve média de 6,31 mortes, deixando o estado na 15ª colocação no Brasil.

Segundo o estudo do Ipea, mulheres jovens foram as principais vítimas - 31% na faixa etária de 20 a 29 anos - como Clara Rubianny Ferreira, de 26 anos, estrangulada dentro de um apartamento em julho deste ano no bairro de Ponta Negra, na zona Sul de Natal. O principal suspeito do assassinato é o empresário paulista Eugênio Becegato Júnior, que era proprietário do imóvel e foi indiciado pela morte.

Ao todo, 50% dos feminicídios ocorridos no Brasil envolveram o uso de armas de fogo. O número também tem reflexo no RN. Um dos casos que chamou a atenção foi o da empregada doméstica Sanclea Fernandes Dantas, de 32 anos, morta a tiros no município de Patu, na região Oeste potiguar. O principal suspeito é um jovem de 19 anos que teve um relacionamento amoroso com a vítima. Sanclea estava grávida de três meses e o suspeito era pai do bebê.
O estudo do Ipea registra ainda que a maior parte das vítimas era negra (61%), principalmente nas regiões Nordeste (87% das mortes de mulheres), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%). A maioria também tinha baixa escolaridade (48% das com 15 ou mais anos de idade tinham até 8 anos de estudo).
As regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte concentram esse tipo de morte com taxas de, respectivamente, 6,90, 6,86 e 6,42 óbitos por 100 mil mulheres. Nos estados, as maiores taxas estão no Espírito Santo (11,24), Bahia (9,08), Alagoas (8,84), Roraima (8,51) e Pernambuco (7,81). As taxas mais baixas estão no Piauí (2,71), Santa Catarina (3,28) e São Paulo (3,74).
“A magnitude dos feminicídios foi elevada em todas as regiões e estados. (...) Essa situação é preocupante, uma vez que os feminicídios são eventos completamente evitáveis, que abreviam as vidas de muitas mulheres jovens, causando perdas inestimáveis, além de consequências potencialmente adversas para as crianças, para as famílias e para a sociedade”, conclui o estudo.
Sanclea Fernandes estava grávida e foi assassinada no RN (Foto: Arquivo da família)Morta em Patu, Sanclea Fernandes estava grávida
(Foto: Arquivo da família)
RN teve 38 mortes em 2013
Em 2013, segundo dados fornecidos ao G1 pela Coordenadoria da Defesa dos Direitos da Mulher e das Minorias no Rio Grande do Norte (Codim), 38 mulheres foram assassinadas no estado entre 1º de janeiro e 17 de setembro. No ano passado foram 27 homicídios; em 2011, 12 mulheres foram mortas.

Contudo, a coordenadora Erlândia Passos explicou que os números de 2011 e 2012 representam apenas os casos registrados pelas cinco delegacias especializadas em defesa da mulher. Duas delas funcionam em Natal. As demais, em Mossoró, na região Oeste, Parnamirim, na Grande Natal, e Caicó, na região Seridó.

Sobre o atendimento às mulheres, Erlândia Passos informa que o Codimm mantém o número 0800-281-2336 funcionando 24 horas para atender ocorrências em todo o estado. "Verificamos a procedência da denúncia e vamos até casa da vítima. Muitas vezes a denúncia parte do vizinho e familiar. Se comprovado, o caso é repassado para as autoridades responsáveis, como Justiça, Ministério Público e Polícia Civil", afirma.

Fonte:http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2013/09/numero-de-mulheres-assassinadas-no-rn-ficou-acima-da-media-nacional.html

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