quinta-feira, 16 de maio de 2013

Lei que obriga tratamento em 60 dias para câncer começa a valer dia 23


Alexandre Padilha, ministro da Saúde, em coletiva nesta quinta (16) (Foto: Mariana Oliveira/G1)Alexandre Padilha, ministro da Saúde, em coletiva
nesta quinta (16) (Foto: Mariana Oliveira/G1)
A lei que estabelece prazo de até 60 dias para que pacientes com câncer comecem o tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) começa a valer em todo o país na próxima quinta-feira (23). O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, apresentou nesta quinta (16) detalhes sobre a nova regra e informou que o prazo começa a ser contado a partir da inclusão do laudo que confirmou o diagnóstico no prontuário do paciente.
A nova legislação que obriga o tratamento foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 23 de novembro de ano passado e ela passaria a vigorar em 180 dias. O intervalo de dois meses é válido para que o paciente passe por cirurgia ou inicie sessões de quimioterapia ou radioterapia.
A nova regra tem apenas três exceções de casos que não precisam ser tratados esse prazo: câncer de pele não melanoma, câncer de tireoide que não seja de alto risco e casos sem indicação de cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Segundo explicou a coordenadora de Oncologia do MInistério da Saúde, Patrícia Sampaio, em alguns desses casos o tratamento com remédios começa imediatamente após o diagnóstico.
De acordo com Padilha, os pacientes deverão buscar os equipamentos de saúde do município e poderão cobrar a Secretaria Municial de Saúde caso o prazo máximo esteja próximo do fim e o tratamento não tenha começado. "Sabemos que será um grande desafio para os municípios cumprir o prazo. [...] O ministério terá uma comissão de acompanhamento de cumprimento dos prazos em todo o país", disse.
Segundo ele, a partir desta quinta (16),  municípios e estados terão acesso ao Sistema de Informação do Câncer (Siscan), que reunirá o histórico de todos os pacientes e do tratamento de cada um. Eles serão obrigados a cadastrar as informações no sistema a partir de agosto. Quem não fizer, terá repassos suspensos por parte do governo federal.
Dados do ministério - que têm desasafem de dois anos e foram coletados após entrevistas com pacientes - mostram que, antes mesmo da nova lei, 78% dos casos de câncer em estágio inicial já são tratados em até 60 dias; nos casos de câncer em estágio avançado, o percentual sobe para 79%. As informações mostram ainda que 95% das crianças e adolescentes começam a ser tratados dentro do prazo.
Conforme Padilha, apesar dessas informações, há grande desigualdade em relação ao tratamento em cidades mais distantes dos grandes centros urbanos. "Queremos reduzir as desigualdades em relação ao tratamento de câncer no país. Queremos que todos sejam tratados em 60 dias."
Segundo o ministro, um dos principais entraves é a falta de médicos oncologistas no Brasil. Para tentar solucionar a questão, disse ele, há convênios com hospitais para abertura de vagas em residência médica.
Incentivo fiscal
O governo também informou que dará incentivo fiscal a pessoas físicas e jurídicas que fizerem doações para iniciativas de prevenção e combate ao câncer. Pelas regras, o contribuinte poderá deduzir até 1% do Imposto de Renda devido. Primeiramente, as entidades interessadas precisarão apresentar projetos, que serão avaliados pelo ministério. Se as iniciativas forem aprovadas, as pessoas ou empresas que fizerem doações serão beneficiados.
As doações podem ser feitas por transferência de valores ou cessão de bens móveis, material de consumo, hospitalar, medicamentos ou itens de alimentação.
"Além de contribuir fortemente para humanizar o atendimento às pessoas com câncer, [o incentivo] certamente será um estímulo para pesquisas", avaliou o ministro.
Dados sobre o câncer
Durante a apresentação, o governo apresentou a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que 518 mil casos de câncer sejam diagnosticados somente neste ano. Somente no ano passado, foram mais de 500 mil casos e o gasto público por internações com câncer foi de R$ 806 milhões. O câncer é a doença que mais mata no Brasil, depois apenas das doenças cardiovasculares.
Entre as mulheres, o câncer que mais mata é o de mama - foram 12.705 casos entre 2010 e 2011 que representaram 15,3% das mortes femininas no país. Já entre os homens o câncer de traqueia, brônquios e pulmões somou 13.677 casos no mesmo período, alcançando 14,2% dos óbitos.
De acordo com o ministro Alexandre Padilha, a população também precisa melhorar hábitos como forma de prevenção da doença. "É um problema de saúde pública que será cada vez mais presente por conta do modelo de vida, urbanização e do envelhecimento da população. [...] A prevenção do câncer, antes de mais nada, é não fumar, ter hábitos saudáveis, fazer exercícios."
Fonte:http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/05/lei-que-obriga-tratamento-em-60-dias-para-cancer-comeca-valer-dia-23.html

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