Enquanto alguns decidem assumir publicamente seu relacionamento homossexual, outros dizem que lutariam até o fim da vida para converter um filho gay. Preto no branco: depois de Daniela Mercury postar no Instagram que casou com outra mulher, a geração “Marco Feliciano me representa” ficou eufórica. E não é culpa só da Daniela. A ascensão de Thammy Miranda como atriz também tem despertado crítica da parcela mais conservadora da população.
Quando o assunto homossexualidade cai na rodinha não é raro ouvir comentários do tipo “só está fazendo isso para aparecer” ou “é sapatão porque não conheceu homem de verdade”. Não há problema em demonstrar sua opinião, já que liberdade de expressão é assegurada constitucionalmente. O problema é o contexto sociológico em que se inserem esses comentários. Demonstrando uma visão já arraigada desde o surgimento da Igreja, esse preconceito passa despercebido, presente nas pequenas expressões, piadas e olhares. Nem mesmo Faustão escapa da generalização, já que repetiu três vezes que à escolha de Thammy Miranda cabiam suas consequências. A moça sutilmente o corrigiu, esclarecendo que não foi opção sua e que, aliás, sexualidade não é questão de opção.
Entendam, não é como escolher uma roupa porque a outra está lavando. Não é usar esmalte vermelho porque combina com a bolsa. Não é gostar de homem hoje e amanhã de mulher por vontade própria. E aí vêm – de novo – os comentários. “Mas tem uma conhecida da prima da minha vizinha que era lésbica e agora tá casada, com filho, vai à igreja.” Ou seja, a moça foi uma adolescente problemática, rebelde e quando amadureceu percebeu que só queria chamar atenção. Ou o contrário. “Tem um cliente lá do salão que a minha doméstica vai que terminou casamento esses dias pra morar com outro cara.” Dessa vez ele é um enrustido e não sabe o que quer, além de estar trazendo vergonha para a família.
Aceite, as pessoas passam por mudanças ao longo da vida. Quando seu irmão, que trabalhou 15 anos como advogado decidiu abrir uma panificadora ele não passou por condenação social. Não estamos fadados a viver de acordo com nossa primeira experiência. Alguns amam Toddy até conhecer Nescau – e sempre vai ter alguém achando isso absurdo. Ninguém deve ser condenado pela forma como se relaciona. Assim como não deveríamos nos prender a nenhuma forma de estereótipo. Nascemos altos ou baixos, mas podemos nascer no meio termo. Nascemos héteros ou homos, mas podemos nascer no meio termo. Seria muito mais fácil se não nos prendêssemos a nenhuma dessas características e tivéssemos como propósito apenas ser feliz.
Por um mundo onde se possam expressar todos os tipos de afeto livremente. Por um mundo onde todos aceitem que a qualquer momento podem se apaixonar por homens ou mulheres. Por um mundo livre de rótulos. Por um mundo em que Nesquik pode ser melhor do que Nescau.
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