quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Cientistas acham bactérias em lago antártico


É a 1ª vez que se encontra vida nas águas entre as rochas do continente e o gelo que o cobre; descoberta pode ajudar na busca por seres extraterrestres

NOVA YORK - O Estado de S.Paulo
Cientistas anunciaram pela primeira vez a descoberta de bactérias vivendo sob o gelo antártico, no escuro e sob baixíssimas temperaturas. O achado pode dar pistas de como a vida pode prosperar em outros planetas e luas. Ele também oferece o primeiro vislumbre de um vasto ecossistema de vida microscópica em lagos subterrâneos na Antártida.
Centenas de lagos estão ensanduichados entre a terra do continente e o gelo que o cobre. Cientistas imaginavam que esses lagos poderiam conter vida e a descoberta das bactérias é a primeira prova de que eles estavam certos. "Isso transforma a maneira como vemos o continente antártico", disse John Priscu, da Universidade Estadual de Montana, líder da expedição científica que fez a descoberta.
Após perfurarem 800 metros de gelo para atingir o Lago Whillans, de 37 quilômetros de comprimento por 1,5 metro de profundidade, os cientistas recolheram água e amostras de sedimentos que mostraram claros sinais de vida, afirmou Priscu, que está na Estação McMurdo, na Antártida. Ao analisar as amostras em microscópios, avistaram células. Após testes químicos, observaram que essas células estavam vivas e metabolizando energia.
Segundo Priscu, todas as precauções foram tomadas para evitar a contaminação do lago com bactérias da superfície ou do gelo que o cobre. Ele também afirmou que são necessários muito mais estudos, incluindo análises de DNA, para determinar que tipo de bactéria foi encontrada e como elas vivem. Como não há luz solar, esses micro-organismos devem depender de material orgânico de outras fontes, como micróbios em decomposição originários de glaciares que derreteram ou de minerais das rochas do continente.
Extraterrestres. Chris McKay, um cientista da agência espacial dos Estados Unidos (Nasa), afirmou que as análises podem determinar se as bactérias do Lago Whillans ajudariam a descobrir vida extraterrestre. "Se elas estão usando uma fonte local de energia, seria interessante. Se apenas consomem orgânicos de outras fontes, o interesse é bem menor", afirmou. Isso porque, em qualquer lugar do sistema solar onde há evidências de água sob grossas camadas de gelo, a vida teria de depender apenas de minerais. "E não haverá oxigênio em outros mundos", explicou.
Há um ano, uma expedição russa penetrou a superfície do Lago Vostok, que fica sob 3,2 quilômetros de gelo. Ela encontrou sinais de vida em amostras recolhidas, mas havia a possibilidade de contaminação do querosene usado para perfurar o gelo. Neste ano, a equipe recolheu novas amostras da água do lago, que ainda não foram analisadas.
Os britânicos também tentaram recolher amostras do Lago Ellsworth, a 1,6 km de profundidade, mas a expedição foi cancelada em dezembro após problemas nos equipamentos. / NYT
Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,cientistas-acham-bacterias-em-lago-antartico-,994076,0.htm

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